sexta-feira, 6 de julho de 2012

'Eu sou uma mulher bem masculina', diz Ângela Dip



A partir de observações do cotidiano e inspirada por conversas com as próprias amigas, a atriz Ângela Dip concebeu o espetáculo Ângela Dip Só Para Mulheres, stand up que discute de forma bem humorada situações tipicamente femininas. Com texto que reúne de forma fragmentada e aleatória histórias, frases e pensamentos de várias mulheres, a atriz mostra no palco os deleites e dificuldades da mulher moderna vivendo em uma sociedade (ainda) machista.

O espetáculo que tem direção da própria atriz, experiente no segmento de humor, e que estreia nesta quarta-feira (4), seguirá temporada no Teatro da Livraria da Vila do Shopping Iguatemi-JK, em São Paulo, durante todo o mês de julho. E não se esqueça: somente mulheres podem entrar.

Antes de subir ao palco, Angela, que além deste espetáculo, está em cartaz com a comédia musical Sabor a Freud, falou com exclusividade ao E+. Confira.  

Como foi o processo de produção do espetáculo?
Angela - Este stand up comedy reúne um texto divertido com observações cotidianas, frases, pensamentos, estórias e histórias. Também é uma colagem de tiradas do meu Twitter. Ele tem abordagem feminina de inúmeras questões e situações mais pertinentes às mulheres. 

De onde surgiu a ideia de uma comédia exclusiva para as mulheres?
Angela - Percebi em dois eventos que fiz só pra mulheres que a reação delas é mais intensa e espontânea. Acho interessante, divertido e diferente o jeito que só nós, mulheres, nos comunicamos. Eu e minhas amigas gostamos de contar e recontar causos. Nós adoramos "perder tempo" especulando, criticando, reclamando, desabafando e sobretudo rindo das situações a que somos expostas.Para mim, a conversa tem um poder transformador e terapêutico.

Em uma sociedade machista, você acredita que o fortalecimento do feminismo e dessa ideia de "exclusividade feminina" contribui para diminuição de preconceitos e aumento de igualdade?
Eu não sou nenhuma estudiosa do assunto, sou artista e sou mulher, mas acho que só através da educação,conhecimento, cultura, inclusão digital e acesso à informação é que comportamentos diferenciados, tanto de homens quanto de mulheres, serão cada vez mais aceitos, fortalecidos e legitimados.

Esse conflito machismo x feminismo não é sexista?
Eu acho que sempre haverão conflitos de interesses entre os seres humanos, independente das variadas categorias sexuais. Seres humanos têm limitações e privilégios tanto biológicos quanto culturais e políticos. A  ignorância, intolerância e o cerceamento a liberdade é que é sexista.

Quais conquistas das mulheres você considera importante e quais ainda precisam ser feitas?
Acho prazeroso que existam redutos femininos e redutos masculinos. Por outro lado estamos ainda em defasagem, correndo atrás pra ocupar espaços da nossa maneira porque  a "história" foi  feita pelos  homens. Antigamente até papeis femininos no teatro eram executados por homens. Se você analisar  filmes e livros, eles falam mais de heróis e figuras masculinas endeusadas do que de mulheres. Os homens foram mais atuantes na construção da civilização. Às mulheres (salvo raras exceções) era reservado o lar e o cuidado dos filhos, talvez porque gerar um  filho é uma realização tão grande que a  mulher sente-se completa. Os homens nunca sentem-se "completos", por isto apesar das revoluções, descobrimentos, guerras e conquista, eles jamais irão sentir-se  satisfeitos. Seguindo este raciocínio eu sou uma mulher bem masculina. Não tive filhos. Tudo me seduz e nada me satisfaz. 

Nesse processo de "evolução" e conquista dos direitos, houve algum retrocesso?
Acho que não. Mas temos de ficar atentas para termos a liberdade de escolhermos. Ser só do "lar" como nossas avós como astronautas. Temos que sempre batalhar pelo direito a esta liberdade de escolha.

Piadas sobre consumo exagerado e preocupação excessiva coma beleza não transmitem e reforçam uma imagem fútil da mulher?
Mostrar o ridículo disto de uma maneira engraçada é uma crítica .Por outro lado, as mulheres tem que ter direito de usarem seus corpos da maneira que quiserem, sem serem incomodadas e julgadas. Mas uma mulher não pode se dar ao luxo de ser ingênua aqui America Latina. Continuamos na "barbárie". Em qualquer categoria sexual existem seres humanos fúteis consumistas e narcisistas, mas acho que nós, brasileiros, com o tal aquecimento econômico,  temos que nos preocupar em nos transformarmos numa "nação desenvolvida" e não só num "grande mercado consumidor", que se vangloria de comprar calcinhas e vitaminas nos EUA. 

O que o espectador pode esperar da peça? Com o que ele vai se surpreender?
Vai rir e ouvir estórias divertidas. Mas enfim, cada um tem a emoção, reflexão e conexão que merece... ou que pode.

Serviço
Ângela Dip só para mulheres
Temporada: Todas as quartas-feiras do mês de julho, às 20h
Ingressos: R$ 40 (com meia entrada)
Capacidade: 125 lugares
Duração: 50 minutos
Faixa Etária: 14 anos
Gênero: humor stand up
Local Teatro da Livraria da Vila no Shopping Iguatemi - JK
Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 2041 - Vila Olímpia
Bilheteria: das 10h30 às 22h de segunda a sexta-feira, sábados das 10h às 22h; Domingo das 12h às 20h ou através do Ingresso Rápido: http://www.ingressorapido.com.br/ (11) 4003-1212




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