quarta-feira, 30 de maio de 2012

A legião é histérica, o tributo burguês e a comoção saudosista

Não tem meio-termo. Ou se ama Legião Urbana ou se odeia. E isso ficou claro nesta noite de terça-feira (29) no show tributo à banda promovido pelo canal MTV, que reuniu o ator Wagner Moura e os sobreviventes do fenômeno musical, Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos, no Espaço das Américas, em São Paulo. Cerca de 7 mil fãs receberam os músicos no palco com histeria e comoção, comprovando que mesmo após 16 anos do término, o amor pela música do grupo sobrevive.

Ícone de uma época em que o jovem buscava seu espaço no pós-ditadura e tentava lidar com os próprios sentimentos perturbados inerentes à pouca idade ou excesso de reflexão, a Legião Urbana virou um marco na música nacional pelas letras, carisma e genialidade de seu líder, Renato Russo (1960-1996). O resultado disso foi uma verdadeira legião de jovens fãs que se identificavam com a sua poesia popular e direta e assim como uma verdadeira adoração religiosa, não permitem críticas e perdoam erros daqueles que se tornaram "deuses" tradutores de seus sentimentos e dúvidas.

Com a morte prematura de Russo a adoração só aumentou, deixando um saudosismo inconsolável e um "buraco" no rock nacional, já que desde então nenhum grupo chegou perto ou teve coragem de se arriscar a preencher a lacuna deixada pela banda que acabou após 14 anos de atividade e milhões de discos vendidos.

No show Tributo à Legião Urbana, não houve um espectador sequer que não se emocionasse ao falar da banda, sempre lembrada por "marcar um fase muito especial da vida". Quanto ao posto de vocal assumido por Wagner Moura, a opinião geral foi que a escolha não poderia ter sido melhor, já que o ator também é fã assumido da banda e indiretamente "representa os fãs que adoram a Legião". Mas isso é só o começo da distorcida homenagem que se apoiou no apelo emocional dos fãs e foi relapsa com a obra retratada.

Primeiro, Renato Russo tinha em sua filosofia poética e musical o punk, movimento contestador do capitalismo e repressão política. O show tributo teve seus ingressos no custo de R$ 100 a R$ 300 reais, com direito a pista premium para quem quisesse um lugar com melhor visão do palco. Esses preços estão muito além do que o jovem Russo poderia pagar para ver um de seus ídolos. Com plateia formada em sua maioria de jovens bem-vestidos e convidados VIP, o local estava repleto de seguranças que a qualquer movimento de braço levantado já se posicionavam em alerta para resolver eventuais problemas que colocassem em perigo o trânsito de convidados especiais do evento. Nem de longe é o comportamento de um típico show de rock embalado por músicas de protesto, como Geração Coca-Cola e Faroeste Caboclo.
 
Quanto ao som, guitarras desafinadas, microfonia, bateria e baixo mal timbrados e a total falta de técnica vocal e afinação de Wagner Moura foram perdoados pela histeria dos fãs que cantaram todas as 25 músicas do show com devoção e por vários momentos tiveram a voz mais alta, encobrindo o canto desajustado do ator. Com seu carisma, sorriso e trejeitos similares aos de Russo, Moura conseguiu entreter o público emocionado ao ver Bonfá e Villa Lobos juntos novamente no mesmo palco. A voz, diferente da do "Trovador Solitário", que é respeitada pela crítica internacional até hoje, ficou para segundo plano, principalmente se tratando do querido Capitão Nascimento, um mito quase tão grande quanto a banda e, portanto, "indefectível". Afinal, quem tem coragem de criticar o novo "queridinho do Brasil"? Nem mesmo um iniciante em um karaokê causaria tanto incômodo e teria tamanha clemência dos ouvintes.

Por fim, após duas horas de show, os fãs se juntaram nas redes sociais para comentar e prestar depoimentos pessoais e emocionados sobre a primeira apresentação-tributo - devido ao esgotamento dos ingressos haverá um segundo show nesta quarta-feira (30) - e a intolerância às críticas apontadas por não fãs da banda ou críticos musicais ficou evidente. Em um show que se diz tributo, no qual a família do homenageado chamou de "elitista e fechado em sua proposta artística", a vontade do único herdeiro e administrador do legado do pai, Giuliano Manfredini, não foi atendida ao preferir "ver artistas da nova geração em cena em vez de um ator" e um dos músicos mais importantes para a história da banda, o baixista Renato Rocha foi deixado de lado, ficou claro que a legião de fãs urbanos continua histérica, saudosa, presa ao passado e a sua homenagem foi falha.



sábado, 19 de maio de 2012

Jovens filipinos protestam shows de Lady Gaga no país


AFP

Dezenas de jovens cristãos nas Filipinas foram às ruas protestar nesta sexta-feira (18) por causa dos shows de Lady Gaga que acontecerão no País no início da semana que vem. Em coro, os jovens gritavam: "Pare os concertos de Lady Gaga".  Autoridades afirmaram que não houve tumulto e nem atos de vandalismo. As informações são do site Huffington Post.
Apesar disso, todos os ingressos da turnê asiática de Born This Way já foram vendidos, porém, fãs menores de 18 anos foram proibidos de irem aos concertos sob a alegação de que a cantora tem letras e figurinos sexualmente muito provocantes. Na Indonésia, Gaga não foi autorizada a fazer shows pela polícia e pela pressão dos islâmicos.
Cerca de 70 membros de um grupo chamado Biblemode Youth Philippines se reuniram em frente ao Pasay City Hall, em Manila. Eles alegaram ofensa pelas músicas e vídeos de Lady Gaga, em especial na música Judas, que dizem que zomba de Jesus Cristo.
Lady Gaga tem dois shows marcados, porém o prefeito de Passay, Antonino Calixto, afirmou que já orientou os organizadores dos shows a seguirem as regras e regulamentos  estipulados na autorização, fornecida pelo governo da cidade. "Apesar de respeitar as expressões artísticas e musicais, não vou permitir que qualquer pessoa ou grupo tenha atos questionáveis em locais sob a minha jurisdição", disse ele em um comunicado. "Nós lembramos os produtores do show de Lady Gaga que a apresentação como um todo não deverá apresentar qualquer nudez ou conduta lasciva que pode ser ofensivo à moral e aos bons costumes", disse.
Líder do protesto e ex-congressista filipino, Benny Abante, disse que seu grupo pretende abrir um processo contra Lady Gaga e os organizadores de concertos se ela cantar Judas em seus shows em Manila. Os organizadores e produtores da cantora pop ainda não forneceram detalhes sobre os próximos concertos ou se Lady Gaga cantará a polêmica música.
O ex-prefeito de Manila, José Atienza, afirmou que a cantora e os organizadores podem ser punidos se ofenderem a raça ou religião do País. Pelas leis locais,  a pena pode variar de seis meses a seis anos de prisão, embora ninguém tenha sido condenado recentemente.
Atienza e o advogado Romulo Macalintal reuniu-se mais cedo com Calixto para pressionar a sua preocupação sobre os concertos, que serão realizados no shopping recém-construído na cidade e possui capacidade para 20 mil pessoas. O Reverendo Reyzel Cayanan de Biblemode Juventude Filipinas afirmou que vai levar outra marcha de protesto e uma vigília com velas no próximo sábado (19), perto do local do concerto.


Festival de hard rock traz Richie Kotzen, Kip Winger e Steve Augeri ao Brasil


Divulgação

A sexta edição do Hard Legends Party, festival que reúne grandes nomes do Hard Rock mundial já está com o primeiro lote (pista) de ingressos vendidos. O show que acontece no dia 03 de junho, em São Paulo, trará ao palco Kip Winger (ex-Alice Cooper e Bob Dylan), Steve Augeri (ex-Journey) e Richie Kotzen (ex-Poison e Mr.Big) (foto). Os ingressos para outros setores e o segundo lote para pista já estão disponíveis.

Conheça mais sobre as atrações:

Richie Kotzen
Considerado pela crítica com um dos Top 5 de guitarra do mundo, e além de uma sólida carreira solo, gravando álbuns mesclando estilos Hard Rock, Rock'n'Roll, Jazz, Fusion e Soul, Kotzen integrou as bandas Poison e Mr. Big. Uma das vindas do guitarrista do Brasil resultou no lançamento do CD Live in São Paulo, gravado no Stones Bar (SP) em 2008. Recentemente Richie Kotzen foi o escolhido para ser o subtituto de John Sykes no power-trio liderado por Mike Portnoy (ex-Dream Theater e Avenged Sevenfold) juntamente com Billy Sheehan (Mr. Big).

Kip Winger
O multi-instrumentista Kip Winger (Winger, ex-Alice Cooper e Bob Dylan), reviverá os tempos do álbum acústico Down Incognito (1998). O repertório dos shows contará com grandes clássicos do Winger, como Miles Away, Rainbow In The Rose, Down Incognito, Headed For A Heartbreak, Blind Revolution Mad, e músicas de sua carreira solo, dos álbuns This Conversation Seems Like a Dream (1997), Songs From The Ocean Floor (2000) e From The Moon To The Sun (2008).

Steve Augeri
Augeri foi oficializado como substituto de Steve Perry no Journey em 1998 e durante oito anos realizou turnês, gravou discos e ajudou a manter o legado da banda no topo, quando foi obrigado a se afastar por problemas de saúde. Augeri, que também integrou as bandas Tyketto e Tall Stories, fará apresentação dos clássicos do Journey, com o qual o vocalista gravou os álbuns Arrival (2001), Red 13 (EP - 2002) e Generations (2005), além da faixa Remember Me, que consta na trilha do filme Armageddon (1998).

Serviço
Quando: 03/06, às 19h
Onde: Carioca Club - R. Cardeal Arcoverde, 2.899 - Pinheiros (Zona Oeste de São Paulo)
Classificação etária: 14 anos 
Ingressos: R$ 80 a R$ 200




Ouça disco póstumo de inéditas de Joey Ramone


Divulgação

A Rolling Stone americana divulgou nesta terça-feira (15) em seu site o Ya, Know?, álbum póstumo de Joey Ramone (1951-2001), vocalista da lendária banda de punk rock Ramones. O disco é uma coleção de demos e músicas não lançadas que o Ramones gravou ao longo dos últimos 15 anos de banda.


As músicas foram escritas e gravadas em tempos diferentes, porém, de acordo com críticos, o material é extremamente coeso, graças à visão distinta do roqueiro como um compositor. O disco chegará às lojas americanas no dia 22 de maio, porém, no site da publicação, você já pode ouvi-lo na íntegra. Clique aqui.



'Foi um caminho natural ter meu pai cantando no meu CD', diz Julia Bosco


Camila Maia/ Divulgação

Filha de um dos nomes mais importantes da MPB, João Bosco, a cantora Julia Bosco faz show nesta quinta-feira (10) em São Paulo para promover o lançamento do seu primeiro disco, Tempo.  Em entrevista por e-mail ao E+, Julia falou da relação com o pai, suas influências musicais e do seu visual.

Você acha que a presença do seu pai, João Bosco, no início da sua carreira foi fundamental? Por que escolheu tê-lo como parceiro logo na estreia (no CD e no show)?
Acho que o meu pai é uma referência musical completa para mim e ele tem mais conexões comigo do que qualquer outra pessoa poderia ter, inclusive por questões logísticas. Por isso, tê-lo ao meu lado não foi de fato uma situação que ponderei antes de decidir, foi um caminho natural.

E esse look cacheado? Foi intencional mantê-lo?
Sim, mas não é fundamental. Eu uso porque gosto mesmo, acho bonito, enfeita o contorno do rosto e quando bate a luz parece que a gente tem uns raios saindo da cabeça. A estética do disco não obriga o cabelo a ser natural, mas acho que ajuda como mensagem deste primeiro trabalho que, além de tudo é autoral: ele diz que aquela ali sou eu.

Você gosta de alguma diva do pop?
Sim, gosto de algumas e sou super fã da Madonna, como todas as meninas que nasceram em 1980! Acho que essa coisa do pop americano hoje em dia é plástico demais. É aula de dança demais, e eu me perco um pouco. Mas ainda assim, admiro o espetáculo.

Na sua intimidade, o que você ouve? Acha o pop relevante para a vida e trabalho? É possível uma aliança entre o popular e erudito?
Ouço coisas variadas, e procuro de alguma forma conhecer as novidades, porque gosto de saber do que as pessoas estão falando, mesmo quando o estilo não é o meu preferido. Principalmente dentro do mercado nacional, com a nova cena da música. Mas tenho discos de muita estima, que já me acompanham há tempos: algumas divas de jazz, alguns cantores de soul, bandas de rock, muita música brasileira.

Acha o pop relevante para a vida e trabalho? É possível uma aliança entre o popular e erudito?
Acho ótima a aliança entre o pop e o erudito. Não vejo nenhum demérito no pop e não supervalorizo o erudito. Um não existiria sem o outro.

Fora do universo MPB/ Bossa nova, jazz e blues, quem mais você ouve? Quem lhe influencia?
Gosto muito de rock também, como Led Zeppelin, Deep Purple e Pink Floyd, e a influência dessas coisas todas acabam surgindo em pinceladas suaves no meu trabalho de alguma forma, sem a preocupação de que isso se mostre com força, mas sabendo que está li, tudo muito sutil. Muita gente me influencia no sentido de despertar uma inquietação que se desdobra em música, mas não como espelho.

O que você não ouve de jeito nenhum?
Há algumas vertentes da música eletrônica e da música feita para "bombar a pista de dança" que eu acho realmente muito chatas e corro delas, porque não consigo aproveitar um ambiente que me deixe confusa e sobressaltada o tempo todo.

Sendo você a nova geração da MPB,o que você tem feito para rejuvenescer o estilo? Há essa preocupação?
Não, preocupação em rejuvenescer estilo eu não tenho nenhuma, acho que isso acontece naturalmente porque a nova geração vem com bagagens diferentes e forma um outro cenário, e isso não deriva de uma coisa forçada. A tecnologia está aí, os novos instrumentos, a nova sonoridade. Isso tudo está no ar para a gente pegar.


Agridoce - A hora e a vez do "coadjuvante"

JF Diorio/ AE

Criado a partir de horas ociosas e descompromissadas ao piano e violão em uma casa na Serra da Cantareira, o Agridoce, projeto de Pitty e Martin traz sonoridade leve, letras densas e melodias que evidenciam o amadurecimento e autoconhecimento dos músicos.

Em apresentação nesta quinta-feira (03) em São Paulo, o show que marca o início da turnê de divulgação do primeiro disco homônimo do duo, lançado no final do ano passado, trouxe canções que recriam a imagem de rock da dupla e expressam a busca por novos desafios musicais, além de deixar transparecer a forte influência poética e musical de artistas como The Smiths, Eddie Vedder e Sean Lenon, assumidamente inspirações dos instrumentistas.

Acompanhados de Loco Sosa (percussão) e Luciano Malásia (programações), Pitty ao piano e Martin com violão, eles apresentaram em show intimista, para cerca de 50 pessoas, músicas que falam de amor, desalento, desilusão e melancolia. À meia-luz, com projeções de imagens que remetem à nouvelle vague, a cantora baiana mostrou sua faceta multi-instrumentista ao tocar também escaleta, xilofone e percussão, além de se arriscar em letras em inglês e frânces (definido por ela como francês de boteco), como na versão de La Javanaise, de Serge Gainsbourg, e Ne Parle Pas, composição dos dois.

Diferente da cara de mau, riffs estridentes e backing vocais fortes que costuma fazer na banda com Pitty, Martin se mostrou o destaque da noite por deixar à mostra o seu ótimo desempenho em bases melódicas e vocais afinados e sinceros. Sua interação com a cantora e público, criando um ambiente descontraído, no qual a plateia teve a impressão de estar compartilhando uma brincadeira, um momento íntimo em que um amigo mostra as últimas músicas que compôs em seu quarto, teve resposta instantânea do público em 20 passos, música cantada por ele e a mais ovacionada do show. Para fechar a noite, a apresentação contou também com a participação de Jajá Cardoso da banda Vivendo do Ócio que cantou a música 130 anos.


Quem estava lá

Além do público, formado por pessoas mais velhas do que os shows de rock de Pitty costuma ter, a apresentação contou com a presença de amigos da banda e artistas, como o cantor Ritchie, famoso por Menina Veneno, sucesso nos anos 80, Thunderbird, a atriz Mayana Moura e Duda, o baterista da roqueira. “Essa é a primeira vez que os vejo ao vivo e estou adorando. Só sinto falta de um pouco de guitarra e bateria”, brincou o músico que acompanha a cantora desde o inicio da banda.

“Eu achei o show muito fofo, adorei o clima intimista e fiquei surpresa com Pitty ao piano. Não conhecia o som e gostei muito. Tem tudo para dar certo”, afirmou a atriz global que grava o longa-metragem O Tempo e Vento, clássico gaúcho de Erico Verissimo, dirigido por Jayme Monjardim, previsto para ser lançado em 2013.