Crédito Imagem: Raphael Dias
Alcione, uma das principais vozes do samba do País, é o destaque do projeto Mulheres do Brasil neste sábado (11), no Via Funchal, em São Paulo. A cantora apresentará o show Duas Faces, que celebra seus 40 anos de carreira. O roteiro é baseado em dois DVDs - Jam Sessione Ao Vivo, na Mangueira.
Dentre os sucessos que ela mostrará no palco estão Meu Ébano, Nem Morta, Poder da Criaçãoe, ainda, as inéditas Não Me Entrego a Mais Ninguém, Mulher-Bombeiro e Beco Sem Saída. A Marrom, como é conhecida por seus fãs, deu entrevista exclusiva ao E+. Confira.
O samba voltou ao auge por causa de uma nova geração de cantores que resgatou o gênero para o público jovem. Concorda?
Mais ou menos, porque houve a grande ascensão de Zeca Pagodinho e Arlindo Cruz, e isso foi muito bom para o samba.
Por outro lado, há uma geração de artistas que acredita que se manter preso ao samba é sinal de falta de renovação na música. O que acha disso?
Ninguém se mantém preso ao samba. É uma questão de postura. Zeca e Arlindo, "por exemplo", não abrem mão do samba. Eu, de minha parte, já gosto de cantar outros ritmos.
Quem são os grandes nomes dessa nova geração hoje?
Zeca, Arlindo, Diogo Nogueira, Mart'nália, Dudu Nobre, Revelação, dentre outros tantos.
Você é de uma geração de cantoras que jorrava emoção a cada verso que cantava. Hoje isso é meio raro. O mundo pede profissionais mais "discretos"?
Não acredito. Emoção é emoção, não pode ser cantada a conta-gotas.
Se você pudesse escolher as três músicas fundamentais de sua carreira, quais seriam elas?
Rio Antigo, Não Deixe o Samba Morrer e Sufoco.
Você nunca pensou em gravar um disco de jazz?
Não.
Você faz projeções a curto prazo, tipo o que você pretende fazer daqui a cinco anos?
Não, sempre penso daqui a um ou dois anos.
Quem são, para você, os melhores cantores do Brasil e do mundo? Por quê?
Emílio Santiago e Anita Baker, porque jorram emoção a cada música.
Você também é conhecida por ser uma excelente cozinheira. Que prato considera sua obra-prima?
Torta de Caranguejo com Arroz de Cuxá.
Como você enxerga suas escolhas de músicas para o futuro em um cenário musical que trata o amor de forma perecível, fugaz e despido de romantismo? Outrora o amor era exaltado de forma romântica em suas músicas e de outros artistas de sua geração. Mas e agora?
Agora eu continuo a enxergar o amor como algo sem o qual o ser humano não pode viver. O romantismo jamais será antigo, ele apenas muda de acordo com as pessoas e estilo. Mas ele estará sempre ali embutido em algum gesto ou em alguma frase, graças a Deus.