quinta-feira, 23 de junho de 2011

Conheça mais sobre os riscos e a prática do Tight Lacing

Dita Von Teese, praticante do Tight Lacing

Prática que divide opiniões, o Tight Lancing (uso de corpetes para modelar a cintura) é assunto polêmico, principalmente entre a classe médica. Considerado por alguns como "agressão ao corpo", o TL gera discussões, principalmente pelas suas praticantes que defendem o seu uso.

Para o Dr. Fábio Haddad, cirurgião vascular do Hospital Beneficência Portuguesa, a prática do Tight Lacing é retrógrada e uma verdadeira violência contra a anatomia humana. "Não entendo e não recomendo de maneira alguma essa prática. Além dos problemas sérios que pode causar, o Tight Lacing é uma brutalidade com o corpo. A busca pela beleza é uma coisa normal, mas tem que ser feita de maneira mais natural possível", afirma o médico.

Questionado sobre possíveis alternativas para a prática, o médico aconselha medidas mais leves. "Ter uma boa alimentação, fazer exercícios ou até mesmo recorrer à lipoaspiração já é o suficiente para deixar a mulher com o corpo bonito. A busca incessante pela perfeição beira a loucura e nestes casos somente um bom terapeuta resolve, pois o problema não é estético e sim, emocional", diz Haddad.

Com pensamento diferente do médico, Juliana Macente, designer de corpetes e praticante do TL há quatro anos, diz que nunca teve problema algum de saúde e se sente confiante com a técnica, pois desde criança vê sua mãe usando os corpetes e até hoje nunca desenvolveu doenças. "Existem muitos mitos sobre o TL e as pessoas tendem a ter medo do que não conhecem. Minha mãe sempre usou e tem ótima saúde. As possíveis doenças que o uso pode gerar são em casos extremos, quando a mulher perde a noção do seu limite", afirma.

Sobre suas medidas, Juliana diz com orgulho que conseguiu diminuir 25 cm de sua cintura, hoje com o diâmetro de 59 cm. "Eu sempre fui magrinha, porém reta. Hoje cheguei ao meu objetivo e uso o corpete somente para manter as medidas. Não quero diminuir mais, pois sei o limite estético e físico do meu corpo e isso é o principal. O bom senso sempre deve falar mais alto", diz.

Ex-cantora do Coral Lírico do Theatro Municipal de São Paulo e praticante do TL há cerca de três anos, Sheena Marjorie diz que nunca teve problemas com o corpete. "Comenta-se muito da pressão sobre o diafragma e eu que cantava tinha sérias preocupações quanto a isso, mas nunca tive o menor problema ou alterações na voz por conta do TL", afirma.

A prática

Os corpetes usados para a prática do Tight Lacing são estruturados de maneira para modelar a cintura feminina e têm padrão pessoal, isso é, devem ser feitos sob medida. "Cada corpo tem medidas diferentes, por isso o ideal é a o uso de peças sob medida", afirma Juliana que assina as criações da marca Black Rose.

"Com o passar do tempo houve uma evolução na estrutura e nos tecidos dos corpetes. Antes o que era pesado e rígido (barbatanas de ferro), hoje é mais maleável e até mesmo mais bonito de se usar (barbatanas de silicone e fibra). O único padrão que segue já há algum tempo são as medidas que o corpete deve ter que são entre 10 e 15 cm a menos do que a cintura da praticante possui. O objetivo é fechar por completo as amarras nas costas do corpete e assim que o conseguir é hora de trocá-lo por outro modelo menor", diz a designer.

As doenças

Por ser uma prática de compressão da região abdominal, o Tight Lancing pode gerar alguns problemas de respiração, digestão e vasculares. "O uso do corpete diminui a mobilidade do diafragma, fazendo com que a respiração passe a depender da musculatura intercostal, promovendo uma diminuição da expansibilidade da base do pulmão. Isso pode ocasionar acúmulo de secreções, gerando infecção respiratória e atelectasia", afirma Haddad.

"O fígado pode ser esmagado pela costela pressionada, fazendo assim uma marca no órgão que terá que se remodelar. O estômago é deslocado para dentro da cavidade torácica o que pode ocasionar hérnia. Além dessas doenças, é importante salientar que a pressão gerada pelo corpete gera tensão nas pernas e nessa situação é muito comum o aparecimento de varizes e em casos extremos trombose", diz o médico.

Como se pode ver, o assunto não tem ponto de convergência e promete gerar ainda muita discussão, já que as praticantes o defendem - que a cada dia se torna mais popular - e os médicos o condenam veementemente. O que podemos entender é que os padrões de beleza de tempos em tempos mudam, mas a busca pela beleza não. A questão é descobrir até que ponto é válido essa busca. "As mulheres devem aprender a descobrir e valorizar a sua própria beleza que não depende de um rosto ou corpo perfeito", aconselha Hadadd.

Confira publicação original.

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