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Há exatos quatro anos em uma aula de sociologia ouvi de um professor que os três pilares que moveram o mundo foram o sexo, o poder e o dinheiro. Com argumentos concisos e exemplos da história antiga e moderna, esse mestre falou sobre revoluções políticas e transformações de ordem moral e material na sociedade. Hoje assisti Estômago, produção nacional de Marcos Jorge com a brilhante atuação de João Miguel e Fabiula Nascimento que me fez relembrar essa aula e chegar a algumas reflexões.
O filme de 2008 trata da história de Raimundo Nonato que através da comida (ele é cozinheiro) chega ao seu ápice e também ao seu declínio, revelando como o alimento é também uma das maiores formas de poder no Homem, validando aquele antigo bordão usado pelas avós "conquiste um homem pela barriga". Nesse caso, a espécie.
O filme deixa claro como o Homem é seduzido e facilmente manipulável através da satisfação de um dos seus instintos mais primários: alimentar-se. Ao lado da tríade citada acima, sexo, poder e dinheiro, a comida sempre fez parte de uma cadeia que aprisiona e leva o Homem a encarar a sua arrogância de ser racional e evoluído, deparando-se com a sua verdadeira origem: não passa de um animal que vive em ciclos com o único propósito de satisfazer as suas necessidades ditadas irracionalmente pelos instintos.
Vale citar que a religião também faz parte desse mecanismo, pois a partir do momento que o Homem deixa a alienação, ele passa a buscar respostas e é nessa hora que céu e inferno, deus e diabo disputam a razão, tentam minimizar impulsos, moldar comportamentos, estabelecer padrões e dar sentido a existência carente de explicação.
O filósofo inglês Thomas Hobbes disse "O Homem é o Lobo do Homem" em defesa de uma organização social, pois ele acreditava que sem uma estrutura, prevaleceria a lei do mais forte, no qual o Homem voltaria a ter comportamento similar ao dos animais. O paradoxo é que mesmo depois de séculos de estruturas, monarquias, impérios, socialismo e democracia, a lei do mais forte prevalece, só que a força não é mais medida pelo físico ou pela capacidade de proteger-se do frio, das intempéries ou pela procriação da espécie. Hoje a força é medida pelo dinheiro.
Encontra-se coerência na frase de Hobbes mesmo que seu argumento para ela seja falho, a história demonstra isso. Mesmo com séculos de "evolução" do ponto de vista moral, a humanidade continua caminhando para o caos. Vivemos massacres.
Partindo de outro ponto de vista, outro filósofo, Friedrich Nietzsche, disse que "Em qualquer lugar onde encontro uma criatura viva, encontro desejo de poder", afirmando que a busca pela auto-afirmação também é instintiva, como nos animais, pondo a baixo a idéia de que o poder é racional. O Homem se comporta na essência como a sua origem aponta.
Conclusão. Seja qual for a maneira com que o Homem viva, alienado ou não, ele está fadado a ser uma marionete nas mãos de seus instintos, mesmo esses, tolhidos por valores morais. No final das contas, não existe inimigo, lutamos contra nós mesmos.
* Texto de 2010.
O filme de 2008 trata da história de Raimundo Nonato que através da comida (ele é cozinheiro) chega ao seu ápice e também ao seu declínio, revelando como o alimento é também uma das maiores formas de poder no Homem, validando aquele antigo bordão usado pelas avós "conquiste um homem pela barriga". Nesse caso, a espécie.
O filme deixa claro como o Homem é seduzido e facilmente manipulável através da satisfação de um dos seus instintos mais primários: alimentar-se. Ao lado da tríade citada acima, sexo, poder e dinheiro, a comida sempre fez parte de uma cadeia que aprisiona e leva o Homem a encarar a sua arrogância de ser racional e evoluído, deparando-se com a sua verdadeira origem: não passa de um animal que vive em ciclos com o único propósito de satisfazer as suas necessidades ditadas irracionalmente pelos instintos.
Vale citar que a religião também faz parte desse mecanismo, pois a partir do momento que o Homem deixa a alienação, ele passa a buscar respostas e é nessa hora que céu e inferno, deus e diabo disputam a razão, tentam minimizar impulsos, moldar comportamentos, estabelecer padrões e dar sentido a existência carente de explicação.
O filósofo inglês Thomas Hobbes disse "O Homem é o Lobo do Homem" em defesa de uma organização social, pois ele acreditava que sem uma estrutura, prevaleceria a lei do mais forte, no qual o Homem voltaria a ter comportamento similar ao dos animais. O paradoxo é que mesmo depois de séculos de estruturas, monarquias, impérios, socialismo e democracia, a lei do mais forte prevalece, só que a força não é mais medida pelo físico ou pela capacidade de proteger-se do frio, das intempéries ou pela procriação da espécie. Hoje a força é medida pelo dinheiro.
Encontra-se coerência na frase de Hobbes mesmo que seu argumento para ela seja falho, a história demonstra isso. Mesmo com séculos de "evolução" do ponto de vista moral, a humanidade continua caminhando para o caos. Vivemos massacres.
Partindo de outro ponto de vista, outro filósofo, Friedrich Nietzsche, disse que "Em qualquer lugar onde encontro uma criatura viva, encontro desejo de poder", afirmando que a busca pela auto-afirmação também é instintiva, como nos animais, pondo a baixo a idéia de que o poder é racional. O Homem se comporta na essência como a sua origem aponta.
Conclusão. Seja qual for a maneira com que o Homem viva, alienado ou não, ele está fadado a ser uma marionete nas mãos de seus instintos, mesmo esses, tolhidos por valores morais. No final das contas, não existe inimigo, lutamos contra nós mesmos.
* Texto de 2010.
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